As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um Monarca dos Trópicos é um conhecido livro no meio acadêmico que desconstrói a imagem do Imperador D. Pedro II de uma forma única. Mais do que isso, ele mostra uma figura bem diferente do que é retratada nos livros escolares, nos retratos, e no que de fato o nosso Imperador há mais de 100 anos atrás. Tá, e o que isso tem a ver com barbas fora o título do livro?
Muita coisa se você pensar em como esses detalhes influenciaram determinados aspectos culturais no Brasil, incluindo a presença dos nossos pelos faciais por aqui. Mas vamos te explicar um pouco desses aspectos, usando o livro da Lilia Moritz como base.
Antes das Barbas do Imperador D. Pedro II, temos D. Pedro I
Antes de falarmos do D. Pedro II em si, precisamos voltar um pouco antes para entender o peso que seu encargo político destinado desde criança teve em sua criação. E isso remete ao período de Independência do Brasil e o papel determinante de D.Pedro I, que aliás tinha uma mutton chops bem incomum para aquela região e época.
Enfim, o ponto aqui é que D. Pedro I precisava criar uma imagem que unisse os povos que residiam no Brasil como um só. Em outras palavras, precisava-se criar um símbolo de nacionalidade, algo que acabasse com a imagem de que nós éramos servos de uma nação portuguesa.
E assim aconteceu. O então Príncipe-Regente D. Pedro I, com sua pompa e elegância, mandou aquela banana para Portugal e seguiu com o processo de independência.
Claro que isso não veio sem revoltas ou conflitos, ainda que em menor escala se você comparar a outros países independentes no mesmo período. Mas ainda assim, D. Pedro I conseguiu manter sua imagem e postura, e no final de 1822, foi declarado Imperador do Brasil.
É aqui que se começa a construção de D. Pedro II.
Forjando um Imperador
Por conta de complicações envolvendo a corte portuguesa e a autonomia do Brasil, D. Pedro I acabou abdicando do seu trono poucos anos após sua proclamação, em 1831. Em teoria, seu filho deveria assumir, mas sendo ainda um bebê, os cuidados do pequeno enquanto governante foram dados a uma regência, que se alternavam e brigavam pelo poder – através da guarda de D. Pedro II – até o Golpe da Maioridade, quando o jovem D. Pedro assumiu o governo só com 14 anos de idade.
As Revoltas
Nesse meio tempo até o garoto assumir todo um Império, o Brasil estava num período bem complicados. Revoltas de todos os tipos eclodiram pela nação, organizadas por grupos contrários ao Império, e elas ainda continuaram por um tempo até D. Pedro II conseguir a autoridade necessária para cortá-las.
Com tudo isso explicado, é agora que temos a fabricação de um Imperador Barbudo e Imponente.
E a Barba?
Segundo o livro de Lilia Moritz, os dados históricos mostravam que o Imperador precisava ter uma imagem de pai acolhedor, um homem que se preocupava nos mínimos detalhes com o bem estar de sua nação, ao passo que essa imagem se tornasse física em seu visual.
E essa imagem se soma ao fato de que o Brasil, sendo um país multi-cultural desde sua colonização, precisava englobar todos esses povos. Mesmo que fatores como a escravidão e a diferenças de classes ainda permanecessem. Enquanto os primeiros anos se construíram com uma combinação de culturas europeias e as já locais em suas cerimônias, os anos seguintes, com D. Pedro II mais velho, mostraram um homem maduro, sábio, que se preocupava com a nação… e Barbudo.
Lembre-se que estamos no século XIX, época em que as barbas, mais do que nunca, passavam uma imagem de sabedoria, virilidade e segurança. Não é sem motivo que D. Pedro II e muitos militares deste período as ostentavam de forma exemplar. E isso inclui figuras como o líder da Revolução Farroupilha, Bento Gonçalves.
O Imperador como uma figura de Força e Poder
Desde que os pelos faciais passaram a fazer parte do rosto do Imperador, eles não saíram das suas representações em pinturas. Da barba que percorria toda a linha do maxilar até seus variados estilos de barba cheia, dificilmente você se lembrará dele sem barba. Exceto na pintura de sua posse com 14 anos.
Com a barba sempre volumosa, D. Pedro II conseguiu se sagrar como uma figura heroica em seu período de atuação, valorizando as artes e ciências locais, e um líder militar e político de fibra. Muito embora saibamos que a quantidade de conflitos nessa época tenha sido sufocante e controversa em suas causas, incluindo por parte do Império.
Para você ver como a presença das barbas do imperador foram um importante símbolo para sua imagem de poder, é só fazer uma simples pergunta: algum dia você já encontrou uma imagem de D. Pedro II sem a barba, fora de algum ambiente que não fosse épico?
O Legado dos Pelos Faciais
As barbas de D. Pedro II e seus inúmeros militares marcaram época, e por muito anos ainda seriam um símbolo de força e poder. É só você ver nosso post das barbas presidenciais, elas ainda ficaram no governo por quase 60 anos.
Mas o mais interessante, que você pode acompanhar em detalhes no livro As Barbas do Imperador, é como essa figura heroica do Imperador foi tão bem construída e perdurada. Não é sem motivo que seus descendentes ainda possuem seu espaço político, embora sem o destaque nacional de séculos atrás.
Mas, como qualquer outra história, ela sempre possui outro lado, e te convido a pesquisar mais fundo se quiser entender este aspecto nos dias atuais. Até a próxima jovem, e não deixe de comentar o que você achou das Barbas do Imperador.
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