As olimpíadas Rio 2016 estão chegando aí. Toda aquela agitação com os jogos, turistas de todas as partes do mundo pintando por aqui, mas o que importa é que o clima está propício para todos os povos, certo? Bem… Mais ou menos jovem.
Apesar de ser muito bom termos um evento como os Jogos Olímpicos, existem alguns casos e situações que não mudam. E não estamos falando só daquelas piadinhas e situações que só um barbudo passa, e sim algumas realmente que incomodam e até preocupam.
Hoje, vamos mostrar um deles, que aconteceu com um barbudo conhecido entre nós na Cidade Maravilhosa. Para deixá-lo mais à vontade em contar o relato, não vamos dar o nome, mas sim o codinome “Barbudo”, até para dar um ar enigmático.
Eu, Muçulmano? Uma experiência perto das Olimpíadas Rio 2016
Nunca iria pensar que uma barba chamaria tanta atenção quanto nesses dias que antecedem os jogos olímpicos Rio 2016. E engraçado que tudo começou com a minha mãe.
Enquanto eu arrumava a mala para a viagem rumo a Cidade Maravilhosa, ela já me enchia de recados pra tomar cuidado em não ser confundido com algum terrorista. Por mais que eu dissesse a ela que eu não pareço com um – tô mais para o Manoel da padaria ou Dom Pedro II rsrsrsrs -, prometi que não ficaria andando de mochila pela cidade. Só então ela se acalmou.
Tenho cultivado uma barba de respeito ao longo de 2016, tomando os cuidados para deixá-la bem cuidada com os produtos certos. E isso inclui manter um corte bacana e elegante, e até mesmo deixar um bigode bem destacado. Minha barba está longe de ser parecida com a da cultura muçulmana, então nem me preocupei muito. Até desembarcar na rodoviária e perceber alguns olhares desconfiados ao meu redor.
Quando meu primo chegou para me receber, falou bem alto e naquele tom de brincadeira bem “amigável” como eu estava parecendo o Osama. É, aquele mesmo, o Bin Laden. Entrei no carro rápido para evitar qualquer outro olhar estranho, e no caminho, fui escutando piadinhas normais para quem tem uma barba há algum tempo.
Receber comentários como esses da família até que entram por um ouvido e saem pelo outro. Mas a coisa muda de figura quando você dá muita atenção no barzinho e o garçom também te chama de Bin Laden. Claro que tudo em nome da “zoeira”. E era eu ir na padaria e ver um outro cara, sem barba, me perguntando quando eu iria explodir Brasília; ou outro perguntando se eu sei falar alguma coisa em árabe, e daí vai.
Aquelas Piadinhas que Barbudo Nenhum Gosta
Apelidos como Mohamed, Alá, Homem-Bomba começaram a ser normais. Isso sem mencionar os clássicos Mendigo, Jesus, e a pergunta “Tá Sem Prestobarba em Casa?”.
Certo dia eu queria sair para pegar uma praia, só que o clima não ajudou muito. Não sei se o motivo foi meu primo pedir a namorada em casamento ou uma corrente de ar fria que veio do oceano, mas o tempo fechou de sexta para sábado e o frio tomou conta da cidade maravilhosa.
Sai de casaco para aproveitar o tempo. Sacou? Barba, Casaco… Claro que eu deixei minha mochila na casa do meu primo e nem pensei na possibilidade de fazer uma corridinha na orla. Já estava me sentindo incomodado com a tensão.
O Momento mais Tenso
Parei num restaurante para almoçar, e enquanto estava distraído mexendo no meu celular, demorei para perceber que na televisão reportavam uma matéria em que Polícia Federal estava prendendo pela primeira vez no Brasil suspeitos de terrorismo.
Cerca de 10 homens que não tiveram suas identidades reveladas foram presos por envolvimento com radicais e planejavam alguma ameaça terrorista nas Olimpíadas. Minha mãe não perdeu tempo em me avisar por mensagem também. E logo em seguida, um grupo de 3 caras tomando cerveja na minha frente começaram a me provocar dizendo que eu iria ser o próximo. Imagina a tensão do momento.
Eu não tenho nada a temer, mas é uma sensação estranha ter aquela barba tão amada e desejada por anos de cultivo sendo criticada. Entrei na brincadeira assim como sempre e depois pensei o que todo cara pensaria em fazer para sair dessa paranoia toda.
Fazer a barba? JAMAIS!
Foi muito dinheiro investido, muitas horas gastas penteando, passando óleo, hidratando para que uma lâmina retirasse toda a minha esplêndida (ok, nem tanto) barba de mim.
Eu fiz o que todo homem deveria fazer em momentos de baixa estima com sua barba: fui a uma barbearia, sem hora marcada mesmo. Conversei com outros barbudos, troquei ideias e me sentir mais à vontade com meus pelos faciais. Fui me sentir em casa.
No fim das contas eu me lembrei que até o Cristo Redentor, o maior símbolo cultural carioca, é barbudo e ele está lá de boa, de braços abertos para todos. O Cristo me ajudou a perceber que as barbas estão aí para ficar e que os Jogos Olímpicos, e toda essa atenção às barbas, só farão com que eu seja um barbudo mais convicto e mais confiante.
Exemplos de Atletas Barbudos para deixar claro que ter barba não é só coisa de outros países
A catarse que nosso amigo Barbudo teve no final é igual a de muitos barbudos por aí. Entre os atletas brasileiros não é diferente: tem muitos que mostram suas barbas com orgulho. E se eles mostram como um sinal de força para representar o país em seus esportes, por que não fazemos o mesmo?
Nenê – Seleção Masculina de Basquete
Um dos jogadores de destaque da seleção brasileira de basquete, Nenê atua na badalada NBA como membro da equipe Houston Rockets. E ainda que seja simpático com todo mundo, a barba completa com o cabelo afro intimida bastante na quadra.
Roberto Maehler – Canoagem e Velocidade
Este já é um competidor de longa data em competições mundiais, ganhando destaque pela primeira vez nos jogos Pan-Americanos de 2007 com uma medalha de ouro na categoria K-4 1000 m, e uma de prata nos jogos Pan-Americanos de 2015 na mesma categoria. E ele não precisou fazer a barba para essas conquistas.
Renato Rezende – Ciclismo BMX
Apesar do BMX não ter grande destaque na mídia esportiva, isso não quer dizer que não tenham seus atletas barbudos de respeito. Renato Rezende tem colecionado títulos mundo a fora, e é uma das esperanças de medalha nas olimpíadas. E como é preciso usar capacetes, o atleta não precisa deixar a barba por fazer de fora das competições.
Leonardo Santos – Seleção Masculina de Handebol
Escalado para a seleção olímpica, é a primeira olimpíada de Leonardo, embora o jogador já seja um veterano no esporte. Leonardo, que atua na Espanha, é um dos armadores da equipe, e um grande representante dos barbudos nas olimpíadas.
Lucas Duque – Seleção Masculina de Rúgbi
O Rúgbi pode ser um esporte ainda pequeno no Brasil, mas não deixa de ter os seus representantes de destaque. Lucas Duque, ou Tanque como é conhecido, é um dos jogadores mais importantes da equipe, e um barbudo de respeito como todo jogador de rúgbi que se preze.
Agora você pode ser um barbudo convicto e saudável, e sem medo desses contrastes que acontecem nas olimpíadas. Com o relato do nosso amigo Barbudo acima, você pode aproveitar bem as Olimpíadas Rio 2016 tranquilamente. E não desista da barba nem mesmo nesses tempos nebulosos.
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Até a próxima, jovem!