O mundo ficou masculino acordou um pouco mais triste no dia 27 de Setembro de 2017. Aos 91 anos, Hugh Hefner faleceu em sua conhecida mansão da Playboy, em Los Angeles. A conhecida publicação, lançada em 1953, foi bem mais do que os aspectos eróticos – embora eles sem dúvida tenham sido o chamariz dos leitores, por um bom tempo.
Depois de Hugh Hefner, todo o universo masculino passou a ter toques mais ousados, quebrando alguns tabus, e até mesmo gerando umas discussões honestas com o público em geral. Eu sei jovem, talvez você não veja dessa forma, muito por aqueles tempos que você era um adolescente mas não precisamos entrar em detalhes aqui. Mas vamos deixar esse pensamento de moleque de lado, e observar o quanto o dono da Playboy conseguiu chamar atenção para si e para suas “coelhinhas”.
“Beverly Hills, That’s where I am want to be…” – Hugh Hefner e sua ousadia masculina
Quem já escutou “Beverly Hills”, do The Weezer, e viu aquele clipe até um pouco caricato com a banda na Mansão da Playboy, sabe bem o que era esse prestígio de estar ao lado do dono daquele casarão. A primeira edição da Playboy trouxe nada menos do que Marilyn Monroe, que já era um sex symbol bem antes da chegada da revista.
Mas Hugh Hefner, diferente do que muita gente pensa, não era só um “velhinho safado” que liderava uma grande conglomerado sobre as preferências masculinas. Além de ter servido o exército próximo ao final da Segunda Guerra Mundial, trabalhou como caixeiro, além de ter sido jornalista de guerra.
E o “velhinho”, como a maior parte da minha e da sua geração conhecia o fundador da Playboy, também era muito ativo em questões pertinentes e complicadas da época. Um deles foi no Movimento de Direitos Civis. Desde que se tornou famoso, Hefner deixava claro que não compactuava com o racismo presente em sua época, e apoiou os movimentos negros daquela época.
O Ponto de Virada
Seu legado, entretanto, é realmente com a criação da Playboy. E assim como outros tantos empreendedores de sucesso, Hugh Hefner se arriscou com um bom objetivo em mente. Pegando um empréstimo de US$ 8 mil, o que é era um grande investimento na época, ele iniciou a primeira tiragem com Marilyn na capa. Por falar nela, Hefner tinha uma verdadeira fascinação pela cantora e atriz: um fato curioso, até uma sepultura ao lado do túmulo de Marilyn ele comprou.
A publicação, com algumas fotos de Marilyn nua, além de outros artigos, chegou no momento perfeito. Naquela época, já começava-se a questionar e apontar diretamente a sexualidade repreendida, o que se considerarmos outros movimentos existentes na época, como o pin up, por exemplo, chegavam a ser contraditórios.
A publicação da playboy, já com todos aqueles símbolos conhecidos – como o coelho de gravata que se tornou o grande símbolo da marca -, quebrou de vez uma série de paradigmas. Só para você ter uma ideia. naquela época as revistas direcionadas ao público masculino eram majoritariamente de caça, pesca e armas, enquanto mulheres bonitas com trajes mínimos – ou nenhum traje -, eram mais comuns em pôsteres e calendários.
“A Playboy nunca foi uma revista de Sexo, mas sobre estilo de vida masculino”
Essas palavras são do próprio Hugh Hefner quando questionado sobre o conteúdo da revista, ainda na década de 1950. Mais do que o conteúdo chamativo da revista, a Playboy sempre trouxe artigos dos mais diversos gêneros, de política a moda, mas sempre com um olhar direto ao público masculino.
Talvez alguns mais espertinhos só preocupassem com a matéria de capa, o que é uma pena, mas quem de fato foi além disso descobriu artigos estimulantes. Hefner sempre estimulou que suas publicações, dentro e fora dos Estados Unidos, trouxessem materiais que ajudassem a crescer os homens, saindo um pouco do escopo até de pessoas “recatadas”, que não se interessavam por sexo.
Por falar em sexo, este era um tema tratado de forma bem cuidadosa nas revistas. Sim, existe o fetichismo em suas modelos de capa, e as coelhinhas na Mansão da Playboy não são desejadas por qualquer motivo, mas se você decidiu olhar além desses pontos, os artigos sobre sexualidade sempre foram muito bem embasados. Inclusive em temas mais polêmicos.
Ainda nessa questão polêmica, a Playboy sempre esteve à frente de seu tempo, apoiando movimentos importantes da época. Questões como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, aborto, bem como os próprios direitos civis em seus primórdios, eram defendidos pelo próprio Hefner em algumas de suas colunas.
A Playboy atual e o Legado de Hugh Hefner
Uma das últimas decisões editoriais de Hugh Hefner foi em 2015. O chefão da Playboy Enterprises optou por tirar a nudez em suas revistas. Primeiro, pois o segmento nesse sentido já não apresentava tantos retornos no passado. Segundo, até por seguir suas linhas editoriais, o mercado mudou, os pensamentos mudaram, e a Playboy decidiu seguir este rumo.
Hoje você encontra os mesmos artigos repletos de bom conteúdo e inteligentes, mas suas modelos já não aparecem mais nuas. O Brasil seguiu a mesma linha, embora aqui o nu seja trabalhado mais de forma artística do que em outros lugares. Ainda existe, mas muito mais moderado, para não dizer nulo.
Esse é o ponto em que podemos dizer tranquilamente que se trata do legado de Hugh Hefner. Mais do que mostrar a visão masculina da época, o dono da Mansão Playboy mostrou o que os homens poderiam ser. Tá certo que uma mansão cheia de coelhinhas poderia não ser o melhor exemplo hoje, mas certamente aquele velhinho de roupão tinha umas visões bem únicas do que representava a figura masculina.
E aí, jovem, agora que você percebeu que a playboy é bem mais do que as mulheres na capa, ou já sabia e deu aquele sorriso bonito por não estar na superfície, que tal mostrar a matéria a seus amigos? Hugh Hefner merece o respeito de qualquer barbudo e não barbudo por tudo que ele contribuiu. Até a próxima!