Como vimos em nosso post sobre os Beatles, eles passaram por uma mudança significativa ao longo dos anos, e isso foi bem expressado em seus visuais cada vez mais extravagantes com os pelos faciais. Mas eles não foram os únicos que mostraram essa revolução: aqui, em terras brasileiras, também tivemos um músico revolucionário. Você já sabe pelo título, certo? Raul Seixas pode ser um beatle, mas é tão importante para nossa música quanto os garotos de liverpool.
Entre músicas icônicas, declarações e estilo de vida diferenciados, um dos pontos que chamaram atenção de Raul Seixas ao longo de sua carreira também foi seu visual. O nosso barbudo Maluco Beleza é cheio de boas histórias que valem muito a pena compartilhar aqui, caso você ainda não tenha muita noção de sua história além de algumas músicas.
Então, sem demora, vamos conhecer mais sobre Raul Seixas e sua relevância para a música… E para nós, barbudos.
Raul Seixas: o Compositor antes do Cantor
Antes de ser conhecido diretamente, Raul Seixas foi um compositor de peso nos anos 60. Só para você ter uma ideia, suas letras passaram por artistas como Jerri Andriani – precursor de artistas como Roberto e Erasmo Carlos -, e Trio Ternura. Mas seu próprio trabalho não tinha a mesma relevância, inicialmente.
Seus primeiros trabalhos como músico foi na banda Relâmpagos do Rock, tocando nas ruas de Salvador. Depois de um tempo, ele ficou de fora da música a pedido de seu sogro na época, apenas se envolvendo em um fã clube do Elvis Presley na capital baiana.
Foi em um show de Jerri Andriani em Salvador que as portas da música se abriram para ele. Além de compor para o músico na época, seus trabalhos individuais seguiram em frente.
Depois do Relâmpagos, Raul Seixas ainda teria bandas como “The Panthers” e “Raulzito e os Panteras”, porém sempre na sombra de outros artistas na gravadora onde trabalhava. Em 1972, Raul Seixas ainda chegou a lançar o álbum “Os 24 maiores sucessos da Era do Rock, pela gravadora Philipps, mas sem o seu nome na capa.
Antes do fatídico 1974, as músicas de Raul Seixas tinham um estilo bem particular. Combinando o rock de Elvis Presley com a cultura baiana de onde veio, Raul Seixas poderia ter feito algo bem diferente se seguisse por esse caminho curioso, algo que a própria Tropicália chegou a fazer em seu auge.
Aí veio 1974, seu cavanhaque muito louco, e Paulo Coelho.
A Revolução no visual e na música
Quem conhece bem a história do Maluco Beleza sabe bem o que rolou no ano mencionado já duas vezes por aqui. Raul Seixas foi amigo de longa data de Paulo Coelho – aquele escritor mais famoso lá na gringa do que aqui -, que esteve presente na vida do cantor desde os seus primórdios.
E a influência artística de Paulo Coelho na vida de Raul Seixas seria ainda mais intensa no álbum “Gita”, de 1974. Com participação do escritor em algumas de suas faixas, ele não foi apenas o primeiro álbum do Raul que emplacou nas vendas, com o Disco de Ouro, mas foi o primeiro problema do cantor com o Governo Militar.
“As aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor”, “Gitá” e “Sessão das 10” foram algumas das faixas mais famosas deste álbum.Todas elas tinham um tom bem animado, bem vivido, para não dizer alegre demais. E para o período em que o álbum foi lançado, essas ideias muito “cabeça” acabaram não caindo muito bem aos ouvidos militares.
Em pleno AI-3, a música “Sociedade Alternativa” fez um tremendo sucesso, e o cantor acabou sendo “convidado” pelo DOPS a se retirar do país, não antes de ser preso. A própria música até hoje é bem emblemática, muito por conta das influências que Raul e Paulo tinham na época.
Foi nessa época também que ele mostrou a extravagância dos seus visuais, e claro, mostrou a força dos pelos faciais. De “Sociedade Alternativa” até os últimos anos de vida, o cavanhaque ora cheio, ora mais cerrado do cantor era icônico, junto dos óculos escuros e a cabeleira revoltosa que incomodava muita gente. É um dos visuais mais icônicos do Rock brasileiro.
Os Altos da Carreira
Raul Seixas voltou 1977 para o Brasil, e apesar dos perrengues com a censura e o DPOS, seguiu firme em sua carreira, sendo um verdadeiro sucesso de público. Esse período, que vai até sua morte em 1980, foi marcado pela parceria com a Warner Music, que lançou seus álbuns seguintes.
A parte tensa é que, em 1978, a fama e os excessos passaram a afetar diretamente a carreira do barbudo maluco beleza. Os problemas com o alcoolismo, que já eram bem conhecidos do músico, se tornaram ainda mais graves, ao ponto de perder cerca de um terço do pâncreas em processo cirúrgico.
Sem melhoras, seu contratou com a Warner se encerrou em 1980. A situação continuou seguindo de mal a pior, com os quadros de alcoolismo e depressão se intensificando cada vez mais. A resposta contra essas dificuldades veio apenas em 1983, ao lançar o disco “Raul Seixas”, de forma independente.
No mesmo ano, o livro “As Aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”, que também é título de uma das faixas do Sociedade Alternativa, foi publicado pela então pequena editora de Paulo Coelho. A obra, que mistura autobiografia com pensamentos do músico, continua um tanto obscuro, porém mostra esse lado de autor perdido do cantor.
A morte e O Legado
Sem nunca ter tirado sua barba icônica, Raul Seixas morreu em 1989, pouco tempo depois de uma turnê feita em parceira com seu último parceiro musical, o líder da banda Camisa de Vênus, e pai da cantora Pitty, Marcelo Nova. Nessa época, o álcool já havia detonado completamente o cantor, que participou apenas na segunda metade dos shows.
A causa da morte foi uma parada cardíaca que se sucedeu quando ele estava sozinho em casa. Infelizmente, seus problemas com a bebida nunca acabaram por completo, e a falta de um cuidado mais adequado terminou por fim sua carreira.
Até hoje, Raul Seixas continua sendo uma figura bem influente na música brasileira. Do clássico meme “Toca Raul” nos palcos de outras bandas nacionais aos inúmeros álbuns póstumos, o baiano mostrou um lado hoje um tanto raro no rock nacional, ao misturar as tendências de fora em algo mais cultural, algo que só os brasileiros seriam capazes de fazer.
E para os barbudos, ele pode ser uma baita referência também. Para quem curte a combinação de cavanhaques bem feitos e uma boa cabeleira, Raul Seixas é uma excelente referência. Não deixe de comentar sua opinião sobre o músico, jovem, e mostrar outros grandes nomes dos pelos faciais na música nacional e exterior. Até a próxima!
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Comments
O texto é bom, mas tem algumas inconsistências. Por exemplo, Pitty não é filha de Marcelo Nova, o sim a ex-VJ Penélope Nova.