Você já viu alguma barba no exército? A resposta não é apenas “não” a toa. Existe toda uma etiqueta e regras rígidas que impedem um barbudo de servir às forças armadas com os pelos faciais à mostra. Mas isso não é uma regra em todos os países (o que coloca o Brasil em uma posição meio antiquada… mas isso é papo pra outro texto).
Então se você pretende servir ao exército, mas não quer abrir mão da barba, vamos falar um pouco mais dela. Senta que lá vem um pouco de normas, mas umas boas ideias também.
Por que a Barba no Exército Brasileiro é proibida?
Existem duas razões simples para o exército brasileiro, e na verdade uma boa quantidade de países mundo à fora: higiene e uniformização. Calma jovem, os militares não estão dizendo que ter barba é sinônimo de sujeira. Quanto a higiene, isso acontece por razões práticas.
Militares, quando estão no campo de batalha ou em treinamento, fica com os pelos faciais mais expostos a sujeira, e não há água disponível para uma limpeza adequada. Com a cara lisa, a limpeza em ambientes mais inóspitos fica mais rápida e tranquila. E vamos dar o braço a torcer: barbas precisam de uma boa limpeza para ficar em seu melhor estado, coisa difícil de acontecer em situações de riscos passadas pelos soldados.
Quanto a uniformização, a razão é bem clara. A falta de uma barba deve ser igual para todos os militares assim como a farda. É uma questão de disciplina, para garantir o melhor material humano em campo de batalha.
Existe ainda uma terceira razão na qual as barbas no exército foram coibidas ou desencorajadas. Durante a época da Ditadura Militar, e os vários movimentos que existiam nessa época, ter uma barba longa e cheia era sinônimo de comunismo, e logo visto com desconfiança e até com periculosidade por parte dos militares. Embora esse estigma tenha acabado nos últimos anos, ainda se considera um tabu os pelos faciais no exército brasileiro.
Quando a Barba é Permitida no Brasil?
Bem… Nunca. A única permissão dada aos militares brasileiros para usar a barba é quanto aos bigodes. Eles nunca devem passar a linha dos lábios, o que já permite algumas opções de estilos para esta parte dos pelos faciais. Esta foi uma determinação adiciona há pouco mais de 100 anos, com a Proclamação da República.
A única exceção para uma barba no exército brasileiro são casos em que a barba pode esconder cicatrizes, algo que não pega bem nos quartéis. Se você ver algum barbudo por aí com a farda militar, já saiba de antemão que temos um cara com histórias para contar…
Militares brasileiros que já tiveram barba
Apesar do militarismo ser um tanto chato com os vários tipos de barba, o exército brasileiro já teve seus grandes exemplos com os pelos faciais: Marechal Deodoro da Fonseca, e o Duque de Caxias. Você deve reconhecer os nomes pelas várias cidades e ruas nomeadas com elas, mas ambos são parte importante da história da barba no Brasil. Ah, e no exército também.
O Marechal Deodoro da Fonseca é nada menos do que o responsável pela Proclamação da República. Além de estar a frente do movimento que levou fim ao império, Deodoro também foi uma importante liderança na Guerra do Paraguai e amigo pessoal de D.Pedro II. E foi um dos raros exemplos de como a barba cheia e longa fazia diferença entre os homens de farda.
Além de uma cidade bem conhecida no Rio de Janeiro, Duque de Caxias teve um papel bem importante na formação do Brasil no período imperial. Além de lutar ao lado de D.Pedro I pela independência brasileira de Portugal, ele serviu como Mestre de Armas a D.Pedro II, sendo um dos primeiros amigos do futuro imperador durante o conturbado período. E todas as lutas que participou, seu Van Dyke esteve ao seu lado.
Esses são grandes exemplos de militares que mantiveram suas barbas em períodos remotos na história do Brasil. Mas teve um caso específico que durou até meados dos anos 80 no Brasil, e é bem curioso.
Manoel Teophilo, o último barbudo convicto do Exército
Durante quase 30 anos, houve um general brasileiro que honrou a tradicional barba de sua família, encontrando algumas dificuldades no meio do caminho, mas ainda assim mantendo os pelos faciais. Trata-se de Manoel Teophilo, Manoel é a quinta geração com o mesmo nome em sua família, e como tradição entre elas, queria manter a barba.
Em 1981, o militar já usava o bigode, como determinação normal do Exército caso quisesse manter os pelos faciais, e foi nessa época que pediu uma autorização especial para manter a barba completa, para seguir a tradição da família. Deu um baita trabalho, mas ele conseguiu e manteve até sua aposentadoria, em 2006.
Esse é um barbudo de respeito e bolas dentro do exército.
Países que permitem o uso de barba no exército
Como dissemos lá no início, as normas para barbas no exército são comuns e obrigatórias no Brasil, mas podem não ser da mesma forma no mundo inteiro. Em alguns lugares, é possível encontrar com mais facilidade a presença de militares barbudos!
Em alguns países árabes, como Irã e Iraque, a presença de barbas é incentivada mais do que razões culturais: como os caras manjam bem, as barbas protegem bem do calor. O que é bem propício para uma região quente como a do Oriente Médio.
Nos Estados Unidos, o uso de barbas é permitido por soldados que seguem o islamismo ou siquismo, incluindo turbantes e véu se necessário. Já países mais frios, como Noruega, permitem a barba dentro de alguns limites. O conhecido Lasse Martberg é um excelente exemplo.
É jovem, barbas e fardas não combinam muito por aqui. Mas isso não quer dizer que tudo está perdido se você curte usar alguns tipos de bigodes mais modestos, existem várias opções para estilizar, não ser regra ter barba no exército brasileiro não seria o fim do mundo. Então não deixe de honrar os pelos na cara mesmo dentro do quartel, certo? Até a próxima, jovem! Ah, e uma dica: barbas cerradas podem funcionar também…
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Comments
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Olá, vi que o texto é um pouco antigo, mas só li agora né, rsrs… Bom é citado, que a exceção é apenas para esconder cicatrizes, não é bem assim, normativamente, pode até ser, mas na verdade tem outras duas exceções, a dispensa médica, onde o dermatologista, oficial de uma das FFAA, dispensa o militar de se barbear, mas geralmente durante períodos, exemplo, o militar deve fazer a barba a cada 3 dias, ou uma vez na semana, etc. Essa dispensa pode ser temporária ou definitiva, a outra forma de exceção é provisória, dada a militares que estejam em serviços de inteligência, a fim de cumprir a sua missão eles podem ou não ser autorizados a utilizar barba.
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Excelente contribuição Cleberson, muito obrigado!
Eu conheci um general com barba no Cirman de Fortaleza. Me disseram que era o único militar brasileira autorizado a usar.
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Que maneiro, lembra o nome?
No Exército de homens sem barba, somente uma é permitida. Na galeria com os 39 generais que chefiaram o Estado-Maior do comando militar do Nordeste, apenas um usa barba. E deverá ser o último.
O general Manoel Theophilo é o personagem principal do capítulo final de uma história que dificilmente irá se repetir. O último general e único oficial de barba do Exército brasileiro vai se aposentar na semana que vem, levando com ele uma autorização especial que perpetuou uma tradição de família de quase 150 anos.
Para deixar a barba crescer, o general Manoel Theophilo Gaspar de Oliveira, chefe do Estado Maior do comando militar do Nordeste, teve que conseguir uma autorização do ministério do Exército, em 1981. Tenente, usava bigode, mas insistiu pra manter uma tradição de família.
Ele representa a quinta geração batizada de Manoel, e que deve usar a barba, como os antepassados. “Só consegui por causa da tradição de família. Foi mantida a barba porque passa de Manoel Theophilo para Manoel Theophilo”, admite.
Tal pai, tal filho. A barba é uma herança que o general da reserva Manoel Theophilo, de 82 anos, passou para o filho. Ele também teve uma trajetória solitária de oficial com o rosto barbado. “Eu conheci um ou dois, quando saí aspirante, em 1946. Mas depois, só eu mesmo”, lembra o Manoel Theophilo pai.
Nem sempre a barba foi combatida pelas Forças Armadas. É só lembrar do Duque de Caxias, patrono do Exército brasileiro. E a barba de Deodoro da Fonseca, que foi presidente do Brasil.
Estudioso do assunto, o general lembra que não há nenhuma proibição por escrito extinguindo a barba dos quartéis, mas que ela entrou em desuso com a Guerra Fria. Era de bom tom em nada lembrar o guerrilheiro Che Guevara ou ditador Fidel Castro. “Os militares comunistas, ou os guerrilheiros comunistas, quase todos usavam barba, até por dificuldade, porque sempre passavam por uma guerrilha difícil”, conta Manoel Theophilo. “Mas o uso da barba, em si, não modifica a capacidade do militar em bem-exercer a sua profissão”.